Descobrindo o Segredo para Correr sem Lesões e Melhorar seu Desempenho no Esporte.

A corrida é uma das atividades físicas mais praticadas em todo o mundo, mas, infelizmente, está frequentemente associada a uma alta incidência de lesões no joelho. Essas lesões não apenas afastam os corredores da prática esportiva, como podem exigir longos períodos de recuperação ou até mesmo levar ao abandono definitivo da atividade, privando-os de seus benefícios à saúde. Nesse cenário, a revisão sistemática publicada no British Journal of Sports Medicine (BJSM) é um passo importante para orientar estratégias de prevenção e manejo dessas lesões, mas acredito que a resposta mais eficiente passa por uma abordagem global, holística e personalizada para cada atleta.

O estudo analisou 30 ensaios clínicos randomizados para avaliar intervenções voltadas à prevenção e ao manejo das lesões no joelho relacionadas à corrida. No âmbito da prevenção, intervenções como reeducação técnica (com orientações como “pouse mais suavemente”), programas graduais de corrida, diferentes tipos de calçados, programas de exercícios multicomponentes e educação preventiva foram investigados. A evidência mais promissora foi para a reeducação técnica, que mostrou reduzir em dois terços o risco de lesões no joelho, de acordo com um estudo com 320 participantes. No entanto, outras intervenções não apresentaram resultados consistentes ou significativos, destacando a necessidade de uma abordagem mais ampla e individualizada.

No manejo, as intervenções focaram principalmente em dores femoropatelares e na banda iliotibial, com evidências sugerindo que estratégias como reeducação técnica, palmilhas com cunha medial, terapia multicomponente e manipulação osteopática podem oferecer alívio no curto prazo. Para dores na banda iliotibial, injeções de corticosteroides demonstraram reduzir a dor no curto prazo, mas com evidência de baixa certeza. Esses achados são importantes, mas também indicam que, mesmo com diversas opções, não existe uma solução universal. Cada intervenção tem limitações e precisa ser adaptada às necessidades específicas de cada corredor.

Na minha visão, os dados apresentados reforçam a importância de uma avaliação holística e individualizada do atleta. Não basta prescrever intervenções genéricas ou seguir protocolos rígidos. É necessário considerar as características únicas de cada corredor – biomecânicas, fisiológicas e até mesmo psicológicas – para encontrar a forma mais saudável de treinar. Além disso, o cuidado multiprofissional é fundamental, unindo o conhecimento de médicos, fisioterapeutas, educadores físicos e outros especialistas para oferecer uma abordagem realmente eficaz. Porém, acredito que esse cuidado deve ser simplificado, para que os corredores possam seguir suas rotinas de forma prática e eficiente, sem sobrecarregar o manejo dos treinos preventivos ou de performance.

O que percebo é que, apesar das evidências apresentadas, ainda falta uma solução que consiga unir ciência e prática de maneira acessível e funcional. Tenho refletido sobre isso e acredito que é possível desenvolver estratégias que permitam aos corredores alcançar seus objetivos de forma saudável, prevenindo lesões e otimizando o desempenho. A chave está em integrar conhecimento técnico e uma abordagem personalizada, mas sempre com simplicidade, respeitando as necessidades e limitações de cada atleta.

Referência
Alexander JLN, Culvenor AG, Johnston RRT, Ezzat AM, Barton CJ. Strategies to prevent and manage running-related knee injuries: a systematic review of randomised controlled trials. Br J Sports Med. 2022 Nov;56(22):1307-1319. doi: 10.1136/bjsports-2022-105553. Epub 2022 Sep 23. PMID: 36150753.