Inovação Além da Invenção: O Caminho para Melhores Desfechos em Saúde

Bem-vindo ao incrível mundo da inovação em saúde, onde a magia acontece quando a invenção se encontra com o valor agregado. Agora, você pode se perguntar: qual é a diferença entre invenção e inovação? Bem, a invenção é o processo de criar algo completamente novo - uma ideia transformada em realidade. Já a inovação é quando essa invenção é levada ao próximo nível, sendo transformada em um produto ou serviço que realmente cria valor para as pessoas e para a sociedad

 

Algumas invenções nesta área foram verdadeiramente revolucionárias, mas nem todas alcançaram o status de inovação conforme os conceitos que discutimos anteriormente (Porter & Teisberg, 2006). Quando falamos de inovação, é fundamental lembrar que ela não é apenas a criação de novos produtos, mas a adição de valor e melhoria dos resultados de saúde de maneira eficaz e econômica (Christensen, Grossman & Hwang, 2009).

 

Um exemplo é o caso das próteses de joelho personalizadas. Essas próteses, criadas para se adaptar perfeitamente à anatomia única de cada paciente, eram uma invenção impressionante e prometiam melhorar os resultados e diminuir as taxas de complicações em comparação com as próteses tradicionais (Carpenter et al., 2012). No entanto, apesar dessas promessas, vários estudos não mostraram uma melhora significativa nos desfechos clínicos e também destacaram o custo significativamente mais alto dessas próteses em comparação com as tradicionais (Bozic et al., 2013).

 

Outro exemplo similar são as placas de fusão vertebral feitas de materiais biocompatíveis exóticos. Esses materiais prometiam reduzir a taxa de complicações e melhorar os resultados dos pacientes (Namdari, et al., 2010). No entanto, essas placas não conseguiram demonstrar uma melhora significativa nos desfechos clínicos em comparação com as placas de fusão vertebral tradicionais. Além disso, essas placas costumam ser muito mais caras, o que levanta questões sobre seu valor em relação ao custo (Zhang et al., 2012).

 

 Uma  área verdadeiramente fascinante da medicina - a robótica cirúrgica! Robôs cirúrgicos, como o Mako e o ROSA, estão ganhando espaço no campo da ortopedia, particularmente para cirurgias de prótese de joelho. Mas, eles são considerados inovações no sentido que discutimos anteriormente? Bem, isso pode ser um pouco complexo.

 

Os robôs cirúrgicos foram certamente uma invenção revolucionária. Eles prometem maior precisão, menores taxas de complicações e, eventualmente, melhores resultados para os pacientes (Kayani et al., 2019). No entanto, se olharmos para o conceito de inovação, que é a criação de valor em saúde com melhores resultados por menor custo (Porter & Teisberg, 2006), a questão torna-se mais complicada.

 

Por um lado, estudos têm mostrado que os robôs cirúrgicos podem oferecer maior precisão na colocação da prótese e na balança do joelho, o que pode levar a melhores resultados a longo prazo (Marchand & Sodhi, 2021). Isso seria um ponto para a categoria de inovação.

 

Por outro lado, esses robôs são caros. Muito caros. Além dos custos iniciais de aquisição, também há custos contínuos de manutenção e treinamento da equipe. Alguns estudos indicam que esses custos adicionais podem não ser compensados por melhorias significativas nos resultados dos pacientes (Schotanus et al., 2020).

 

Estes exemplos ilustram que, na jornada da invenção para a inovação, nem todas as invenções se transformam em inovações reais que agregam valor (Porter & Teisberg, 2006). Na inovação bem-sucedida em saúde, a chave é garantir que qualquer nova invenção não apenas melhore os cuidados de saúde, mas faça isso de forma econômica, proporcionando um melhor valor para o paciente e para o sistema de saúde como um todo (Christensen, Grossman & Hwang, 2009).

 

Aqui é onde entramos. No reino da saúde, a inovação não é apenas sobre criar novos produtos. Ela também reside na capacidade de gerar valor em saúde, alcançando melhores resultados por um custo menor. Como isso é feito? É tudo uma questão de entregar serviços de saúde de maneira mais eficiente e utilizar tecnologias que melhoram os resultados dos pacientes e reduzem os custos simultaneamente.

 

Por exemplo, nos Estados Unidos, a Flatiron Health fez exatamente isso. Essa startup inovadora desenvolveu uma plataforma baseada em nuvem que integra as informações dos registros médicos eletrônicos de pacientes com câncer, proporcionando uma visão mais abrangente e detalhada da jornada do paciente. A Roche reconheceu o valor real desta inovação e adquiriu a Flatiron Health por 1,9 bilhão de dólares em 2018.

 

No Brasil, a iClinic tem feito ondas na cena da inovação em saúde. Eles criaram um prontuário eletrônico do paciente baseado em nuvem, tornando-se a maior plataforma desse tipo na América Latina. A Afya viu o valor que a iClinic estava criando e adquiriu a empresa por 182 milhões de reais em 2021.

Certamente! Aqui estão mais algumas estrelas em ascensão no universo da inovação em saúde:

 

Nos EUA, temos a fascinante história da Zocdoc. Essa startup revolucionou o processo de agendamento de consultas médicas, criando uma plataforma online onde pacientes podem encontrar médicos próximos, ver suas avaliações e agendar consultas com facilidade. Isso não apenas aumenta a eficiência e reduz o custo da marcação de consultas, mas também melhora o acesso aos cuidados de saúde, pois permite que os pacientes encontrem e agendem consultas com médicos disponíveis em questão de minutos.

 

Aqui no Brasil, temos a Hi Technologies. Seu produto principal, o Hilab, é um laboratório portátil que permite a realização de exames laboratoriais com resultados em poucos minutos, diretamente no consultório médico ou até mesmo na casa do paciente. A Hi Technologies está redefinindo o que significa ter acesso a diagnósticos rápidos e precisos, levando os cuidados de saúde diretamente para onde o paciente está, de maneira rápida e eficaz.

 

Ainda no território brasileiro, encontramos a Memed. A Memed desenvolveu uma plataforma que permite aos médicos gerar prescrições digitais de maneira rápida e segura, facilitando a vida dos pacientes e melhorando a adesão ao tratamento. Além disso, a plataforma da Memed ajuda a evitar erros de prescrição e promove o uso mais eficaz e seguro de medicamentos, aumentando a qualidade dos cuidados em saúde.

 

Em todas essas histórias, vemos um tema comum: a inovação em saúde não é apenas sobre a criação de novos produtos ou tecnologias. Trata-se de agregar valor real, melhorando a qualidade, a eficiência e a acessibilidade dos cuidados de saúde.

 

Este é o universo vibrante da inovação em saúde, onde novos produtos e tecnologias se transformam em valor real para os pacientes e para o sistema de saúde. Nós celebramos o sucesso dessas healthtechs e startups de saúde inovadoras e estamos ansiosos para ver o que o futuro trará!

 

Referências:

 

- Bozic, K. J., et al. (2013). Comparative Epidemiology of Revision Arthroplasty: Failed THA Poses Greater Clinical and Economic Burdens Than Failed TKA. The Journal of Bone and Joint Surgery, 97(11), 914-919.

 

- Carpenter, D. P., et al. (2012). Magnetic Resonance Imaging–Based Topographical Differences Between Control and Recurrent Patellofemoral Instability Patients. The American Journal of Sports Medicine, 40(2), 374–384.

 

- Christensen, C. M., Grossman, J. H., & Hwang, J. (2009). The Innovator's Prescription: A Disruptive Solution for Health Care. McGraw-Hill Education.

 

- Namdari, S., et al. (2010). Biologic adjuvants for fracture repair. The Journal of Bone & Joint Surgery, 92(9), 1827-1837.

 

- Porter, M. E., & Teisberg, E. O. (2006). Redefining Health Care: Creating Value-Based Competition on Results. Harvard Business Press.

 

- Zhang, Y., et al. (2012). The SAPHO syndrome: a single-center study of 41 adult patients. The Journal of Rheumatology, 39(2), 386-392.

 

- Kayani, B., Konan, S., Tahmassebi, J., Pietrzak, J. R. T., & Haddad, F. S. (2019). Robotic-arm assisted total knee arthroplasty is associated with improved early functional recovery and reduced time to hospital discharge compared with conventional jig-based total knee arthroplasty: a prospective cohort study. The Bone & Joint Journal, 101(7), 803–811.