Cirurgia para os meniscos. Suturar vale a pena ?
Os meniscos são estruturas intra-articulares que através do aumento da área de contato entre os osso do joelho promovem a absorção do impacto e melhor distribuição de carga nesta articulação. Estas estruturas ainda são responsáveis pela melhor lubrificação e auxiliam na estabilidade articular.
Os meniscos podem romper através de traumas indiretos associados aos entorses do joelho, mas também podem lesionar através do processo degenerativo articular.
Os fatores que podem influenciar na decisão de qual será o melhor tratamento são: idade, nível de atividade física, profissão, características de lesão ( tempo, tamanho, localização, qualidade do tecido meniscal, estabilidade, padrão da lesão), presença de lesões associadas ( deformidades angulares do membro inferior, artrose, lesão ligamentar, lesão de cartilagem etc..)
São diversas as possibilidades de tratamento: repouso, gelo, medicamentos, fisioterapia e cirurgia.
Quando a cirurgia é indicada, o próximo passo e decidir qual será o melhor procedimento.
Esta decisão muitas vezes é compartilhada com o paciente.
De maneira geral a decisão fica entre retirar o fragmento meniscal lesado, a chamada meniscectomia parcial ou dar pontos no menisco , preservando-o na sua integridade, chamamos este procedimento de meniscorrafia ou sutura meniscal.
O que já sabemos é que: a meniscectomia devolve o paciente as suas atividade de maneira mais rápida, possui baixíssima complicação operatória, e é eficiente para o controle da dor. Em contrapartida, a longo prazo, pode predispor o paciente ao aparecimento de artrose (desgaste da articulação).
Já a sutura, possui um tempo de reabilitação maior, existe o risco de recidiva ( ou seja, do menisco não cicatrizar e voltar a dar sintomas) contudo, reduz muito o risco de artrose no futuro.
A grande vantagem de preservar o menisco está exatamente neste ponto. O menisco íntegro proporciona o retorno da estabilidade articular, proteje as reconstruções ligamentares e previne o avanço da artrose.
Ainda que do ponto de vista fisiológico não há dúvida da vantagem de preservar os meniscos, alguns ainda não aderem ao tratamento devido o risco de recidiva e tempo de afastamento do trabalho.
Contudo uma publicação recente ( Artrhoscopy, dez de 2019) demonstrou através de um estudo custo-efetividade que vale a pena suturar o menisco. Os Autores ( Mark Rogers, Scott Dart, Susan Odum e James Fleischii) de Charlotte NC - USA, demonstraram que o custo direto com um paciente que foi submetido a meniscectomia foi US$ 14.700,00 maior do que aqueles submetidos a sutura meniscal em adultos jovens. Estes custos estavam relacionados a maior número de fisioterapia, uso de medicamentos para dor, tempo de re-internação, posteriores procedimentos mais complexos ( prótese de joelho) e perdas relacionadas ao afastamento do trabalho.
Sabemos que para muitos, tempo é dinheiro e todos queremos voltar logo as atividades mas neste caso nem mesmo isto podemos dizer.
Diversas técnicas e dispositivos estão disponíveis em nosso meio que associadas a facilidade de acesso a informação tornam a meniscorrafia um procedimento de fácil acesso aos cirurgiões de todo o país.
Hoje em todo procedimento artroscópico do joelho estamos preparados para a realização da sutura meniscal, estando, assim, alinhado ao que de mais moderno há no mundo.
DOI: https://doi.org/10.1016/j.arthro.2019.06.026